Por Paola Cornu
Lacan, no Seminário 23, dirá: “Achamos que dizemos o que nós queremos, mas é o que quiseram os outros, mais particularmente nossa família, que nos fala (…) há uma trama, chamemos isso de nosso destino”.
É interessante como aparece nos sujeitos a necessidade de falar para os outros o que foi sua vida. É o claro exemplo dado por Draw my life, que significa “Desenho minha vida”, no qual o íntimo passa a tomar um lugar público. Assim, com o mais singular se faz um dar a ver a todos. Uma nova modalidade na qual se encontra a forma de falar dos assuntos de família.
Com o que nos encontramos nesse vídeo? Com assuntos de família e seus enredos. Um sujeito nascido “de dois que não se entendem” e onde o não dito aparece em suas palavras: “não me dava conta de muita coisa e segui feliz”, diz ele. As mudanças iam e vinham, mas o não saber operava a ponto de fazer sintomas nas qualificações escolares. Passou do fato de fazer parte de uma família clássica para outra, monoparental, depois revinculados e, por fim, ele compõe a sua, uma família homoparental. O objetivo, o “caso” para esses vídeos, é explicar de forma amena e através de desenhos, a história de sua vida. A psicanálise, como contraponto, diria eu, afirma que, a partir da experiência analítica, cada sujeito pode dar conta da marca que conseguiu atravessar para fazer algo novo com sua vida.