Por Leticia Varga y Laura Valcarce

Déborah Fleischer, psicanalista e autora do livro Clínica de las transformaciones familiares, foi pioneira na investigação sobre este tema.

Seu livro, produto de sua tese de Doutorado na Universidade de Buenos Aires, realiza um percurso rigoroso sobre as transformações que se produziram na família.

Ela nos conta que, ao interessar-se por esse tema, começou a recortar artigos sobre assuntos de família de diferentes jornais e de diversos lugares do país, os quais decidiu classificar e ainda conserva.

Seu livro, publicado em 2003, se encontra esgotado, e a autora relata que não poderia realizar uma reimpressão do mesmo sem revisar novamente seu conteúdo.

O você situaria como transformação em relação à época atual?
A transformação em relação à época atual se sustenta principalmente pelo avanço das novas tecnologias.
Toma como exemplo o caso de uma mulher que congela os óvulos, depois vem a falecer e sua mãe decide guardá-los, o que conduz à pergunta sobre uma maneira nova de realizar um luto.

O que você acha que se modificou desde a escrita de sua tese até os dias de hoje?
O que se modificou foram os avanços tecnológicos e científicos. Os assuntos de família estão marcados pelo lugar ocupado pela tecnologia e essa mudança afeta também a privacidade: tudo se difunde nos meios sociais e tecnológicos. As pessoas andam no metrô, cada uma com seu celular sem se comunicarem com os outro.

O que é uma família?
Alguns acreditam que a família tem a ver com a biologia. Para outros, a família implica uma sustentação, tem a ver com o laço amoroso. A novidade da época é que a família de hoje não implica necessariamente o casamento. Na família é preciso pensar na possibilidade de um laço.
Na atualidade, rompeu-se com o esquema clássico: mamãe, papai, os filhos, o casamento, a heterossexualidade. A família tem a ver com o limite, com algo que ponha um corte. A função paterna não pode deixar de funcionar.

O que é um pai?
A função paterna tem a ver com o fato de poder cortar o apego edípico. Alguém que introduza um corte.

O que é um mãe?
Uma mãe tem de sustentar, mas também tem de estar em relação com o amor e o desejo. A mãe traz os cuidados, a sustentação.

Para finalizar, Déborah destaca que considera que o elementar é como fazer com que o amor faça o gozo condescender ao desejo.