Por Tânia Abreu (EBP-BA)
Lacadée diz que, ao ofertar a palavra ao sujeito, ato contínuo se põe a falar dos assuntos de família. Sendo assim, cabe questionar: o que é a família na experiência analítica? Ponto de partida da pesquisa, que se desdobrará, ao se debruçar sobre a família na contemporaneidade.
No seminário 16, Lacan dirá que os termos pai ou mãe, irmão ou irmã, não tomam sentido e peso senão em razão do lugar que eles têm na articulação do saber, do gozo e de certo objeto. Sendo estas relações primordiais, conectadas a alíngua, maneira pela qual o desejo dos pais se encarna, gota a gota, em nosso modo de falar.
A ascensão do a ao zênite na contemporaneidade, altera o modo como tais elementos são oferecidos à criança?
Lacan define a família como o lugar onde se transmite, pelo viés do mal entendido, algo da pulsão, pelo fato que há um corpo que se enoda a alíngua.
Pode-se pensar as famílias na contemporaneidade como mais pulsionais? Haja visto o apagamento do desejo, frente ao avanço feroz do gozo?
Que lugar para o analista, senão o de parceiro que leve o sujeito a desembaraçar-se dos troços de linguagem com os quais encontrou, muito precocemente com o Real?