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Santiago do Chile, 27 de junho de 2021.

Cara Mercedes Iglesias:

Começo partilhando o prazer que tem sido o trabalho junto a você e a outros Colegas no sulco que decidimos abrir traçando um caminho rumo ao ENAPOL de outubro. Trabalho que no seu prolongamento e alegria se enoda com o sério.

Também, aquilo que do nosso último encontro ressoa em mim. São os ecos dos seus “não sei” ou “não entendo” que, além de introduzir sutis detenções no entusiasmo de nossas leituras e intercâmbios, marcam a radicalidade da minha posição em relação ao trans, já não somente em suas incidências clínicas, mas também como S1 que nos convida a ler uma época particular e pandêmica.

No romance Os detetives selvagens, de Roberto Bolaño, li o que se torna sério pra mim: “Todos os poetas, inclusive os mais vanguardistas, precisam de um pai.”[1] Lembro, então, do que Éric Laurent sinaliza em Piezas Sueltas: “… do lado feminino, o fato de que não haja quem obstaculize a função, reintroduz o pai, o amor ao pai, um amor que não obstaculiza, que não proíbe, que não é o pai da interdição…”[2] Te escrevo para ver se você me ajuda a apreender de que pai se trataria ali, em tempos onde dito significante não provoca,  necessariamente,  amor .

Um abraço

 


 

[1] Tradução livre do original: “Todos los poetas, incluso los más vanguardistas, necesitan un padre”.

[2] Tradução livre do original: “…del lado femenino, el hecho de que no hayan quienes obstaculicen la función reintroduce al padre, el amor al padre, un amor que no obstaculiza, que no prohíbe, que no es el padre de la interdicción…”.

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Montevidéu (Uruguai), 05 de Julho de 2021, 

 Querido José Luis:

Compartilho e gosto da ideia de que nossos encontros para o Enapol tenham se tornado alegres e cheios de questões entre o “não sei ou não entendo” e o sério.

Acredito que os seus dois textos estão muito relacionados. Freud estabelece a relação do inconsciente com o Nome do Pai e instala, assim, um saber e toda nossa prática. Lacan também o faz da mesma maneira em seu primeiro ensino.

O saber inconsciente, que se inscreve a partir do pai, é o não da interdição, a castração, a diferença dos sexos e um modo de articular algo que permita a criação dos laços sociais –  onde poderíamos situar os poetas de Bolaño. Mas também é um sistema fechado, constitui uma totalidade, o que costumamos chamar de ordem simbólica. Entretanto, Lacan também formula outro lugar que não seja a partir do Todo, mas sim a partir do Não-todo, denominado gozo feminino, e aí, não há interdição, o que permite relançar o gozo e o amor a partir de outro lugar. Lendo Indart, me perguntava se ao não ter interdição, o amor pode constituir-se de outra maneira e se, ao fazê-lo, esse novo amor deixaria de ser religioso. Vou te deixar esse texto para ver se você me ajuda a pensá-lo.

“Isto em Lacan me parece perfeitamente coerente, a relação do inconsciente com o NP, o mesmo que fazia Lacan dizer que, enquanto estivermos abonados do inconsciente somos religiosos e acreditamos em Deus e acreditamos no NP, ainda que digamos todo o tempo que não, porque é a crença que nos possui e não nós a ela. Isso é esse inconsciente que vinculamos ao NP.”[1]

 


 

[1] Tradução livre do original: “Esto en Lacan me parece perfectamente coherente, la relación del inconsciente con el NP, el mismo que le hacía decir a Lacan que mientras estemos abonados al inconsciente somos religiosos y creemos en Dios, y creemos en el NP aunque digamos todo el tiempo que no, porque esa creencia nos tiene a nosotros, y no nosotros a ella. Eso es este inconsciente que hemos vinculado al NP.”

 

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Santiago do Chile, 16 de Julho de 2021.

Cara Mercedes:

Começo agradecendo sua resposta e as referências compartilhadas que impulsionam uma volta a mais neste intercâmbio epistolar. Penso nessa volta. Lembrei de um chilenismo: “pasar en banda”, que se refere a não dormir, não conciliar o sono. Continuidade sem corte. Estariam aí também as voltas do automaton, as de um circuito fechado. Mas, poderíamos pensar em uma volta mais amorosa?

Você retoma com precisão o fio da época, na qual nos cabe exercer nossa prática pela via do religioso. Talvez, como nunca antes, estamos constatando uma pluralização de discursos que adquirem certa tonalidade religiosa. J. -A. Miller citava o jornalista E. Bastié sinalizando algo do tipo: cada um tem a sua própria verdade e minha verdade não pode ser questionada, como o traço do debate público atual.

Sua carta me fez pensar que, embora não haja interdição, há real. E então, como fazemos com esse real para que não se torne crença religiosa em um Outro absoluto nem tampouco incredulidade total no Outro? Talvez aí esteja o desafio de nos propormos a falar de amor! Me ocorre, agora, imaginar essa volta mais amorosa como a tentativa de dizer algo desse real. Como a arte muitas vezes nos ensinam! Um dizer criativo, inventivo. Uma volta que ao mesmo tempo se torce e que não poderia ser dada sem alguns restos férteis do que foi o pai para cada um.

Me lembrei de outro romance. Chama-se Poeta Chileno, de Alejandro Zambra: “O pai se deixa vencer porque para ser um bom pai é preciso se deixar vencer. Ser pai consiste em se deixar vencer até o dia em que a derrota seja verdadeira.”[1]

 


 

[1] Tradução do original: “El padre se deja ganar, porque para ser un buen padre hay que dejarse ganar. Ser padre consiste en dejarse ganar hasta el día en que la derrota sea verdadera”.

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Montevidéu (Uruguai), 27 de julho de 2021,

Querido José Luis:

A observação que faz Miller de que cada sujeito defende uma verdade que não pode ser questionada, não é um modo de validar o sintoma enquanto um sozinho?

Gostei da frase de Zambra. Porém, talvez seja um modo de denunciar que o pai não resolve tudo. O Nome do Pai dá um sentido mas não resolve o gozo de cada um nem o modo como nos viramos com ele. Lacan sustenta, no Seminário 22, algo assim: um pai só merece o amor e o respeito de seu filho, se faz de uma mulher o objeto causa de seu desejo. Não há modo de normatizar o gozo. Cada um tem que se virar com isso.

Estou de acordo contigo de que o desafio consiste em abandonar a religiosidade em um Outro qualquer sem cair na descrença total. Acredito que é aqui onde Lacan introduz novamente o amor, mas de outra forma. O amor sempre foi uma mediação frente ao irreconciliável. Mas, no último ensino,  trata-se de considerar, a partir do sintoma, um modo de amor real. Seria aquilo que produz uma ressonância no corpo, um dizer, um fazer do Outro que afeta meu corpo. Miller em El Otro que no existe y sus comités de ética sustenta que: “Implica que o sujeito perceba no partenaire o tipo de saber que nele responda à não relação sexual e o sintoma que elaborou a partir disso…o partenaire do sujeito não é o Outro, mas sim o que o substitui como causa de desejo.”[1]

Um abraço,

 


 

[1] Tradução livre do original: “Implica que el sujeto percibe en el partenaire el tipo de saber que en él responde a la no relación sexual y el síntoma que elaboró debido esto… el partenaire del sujeto no es el Otro, sino lo que lo sustituye como causa de deseo.” (Miller, J.A 2006, p. 295)

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Tradução: Bruna Guaraná
Revisão: Renata Martinez

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