Ludmilla Féres Faria (EBP)
No ar, o OCI 06! Neste número vocês encontram contribuições fundamentais para seguirmos em nosso debate sobre o tema do IX ENAPOL.
A tríade amor, ódio e ignorância é o mote utilizado por Laurent para introduzir o debate sobre os motivos que levaram Lacan a se interessar bem mais pelas religiões do que pela psicologia. Ele ainda esclarece a importância clínica e política de diferenciarmos a cólera do ódio nos dias atuais.
Os quatro filmes comentados neste número destacam a presença do ódio nas vertentes imaginária, real e simbólica. Cada um dos comentários nos instiga a localizar o modo candente com que esse afeto se apresenta: na guerra entre irmãos de O ódio e Zona Sul; no amor sem limite, que beira o ódio, em A Esposa; e no impossível de simbolizar presente em Hermano. Nos dois livros que completam essa série – Sade: filosofia de desejo e gozo e Enigmas da poesia amorosa de Dante –, os comentários visam a questionar as formas de tratamento do excesso encontradas em cada um deles.
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Para fechar o OCI 06, há o clipe “La violência”, de Agarrate Catalina, que conjuga a presença forte dos instrumentos de percussão com uma letra viva da violência, que marca a dimensão de limite entre a fala e o ato violento.
Então, som na caixa e boa leitura!
Ana Lydia Santiago pregunta a Éric Laurent
Você pode falar algo sobre a complexidade da tríade amor/ódio/ignorância na atualidade, para além do que se constitui a transformação do amor em ódio?
Ana Lydia Santiago pregunta a Éric Laurent (Parte 4)
Os religiosos e os filósofos, de maneira geral, referem-se à cólera ou como um desejo de vingança, ou como uma superioridade excessiva e imaginária. Na atualidade, o que observamos como expressão de cólera, sobretudo entre os jovens, pode ser definido a partir da linguagem performativa, como a afirmação em forma de uma ameaça − do tipo “Eu te mato!” ou “Você está morto!” −, que provoca certa paralisação no outro. Uma fala que produz algo no outro − no caso, gera medo e produz inibição.
Henri Kaufmanner pregunta a Éric Laurent (Parte 4)
A partir do que você introduziu a respeito da ignorância, a cólera não se constitui um retorno do que persiste mais além da ignorância? Conforme diz Lacan, na cólera, “os pininhos não entram nos buraquinhos” algo não funciona.