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Rubrica Eixo 1 – UM TAMBOR VIBRA EM UM DISPOSITIVO DE SAÚDE PÚBLICA

1 de agosto de 2025

María Laura Errecarte – EOL/AMP “Tratar o trauma como um trouma (…) implica não combinar o trauma com a diacronia, mas sim com a sincronia”[1]. Seguindo o som do Tambor deste ENAPOL, no eixo ‘Falar de “isso de que não se pode falar”’, transmitirei uma experiência atual em que estou trabalhando junto a uma equipe de saúde. Experiência clínica que proporciona o acesso à interrupção da gravidez e ao atendimento no pós-aborto.   Trata-se de um dispositivo de atenção em um Centro de Saúde, enquadrado na Lei 27610, sancionada na Argentina em 2020, sustentado na garantia de direitos de um modelo…

Rubrica Eixo 2  – “DÁFNIS E CLOÉ: DO SÉCULO II AO SÉCULO XXI”

1 de agosto de 2025

Susana Schaer – NEL/AMP É sabido que a puberdade é o encontro com os grandes enigmas: o corpo, a sexualidade, a relação com o outro. Um encontro com o impossível da relação sexual, o impossível de dizer que não se subjetiva por completo. É com isso que o púbere tem de se virar. “E é a isso que Lacan chamou de o real”[1]. Isso é mostrado em Dáfnis e Cloé[2], um romance pastoril do século II, referenciado por Lacan no Seminário XI. A obra trata do encontro entre dois jovens pastores que se conhecem desde a infância. Ao chegarem à…

Rubrica Eixo 3 – POR QUE FALAR COM A CRIANÇA SOB TRANSFERÊNCIA, HOJE?

18 de julho de 2025

Withney Ferrufino – Nova Política da Juventude – NEL Na época da decadência da ordem simbólica, os sujeitos não querem falar, não querem saber, mas gozam. Parece não haver lugar para falar do resultado do impacto de lalíngua no corpo[1], uma das formas de entender o que esse XII ENAPOL propõe como “falar com a criança”. Apesar de tudo, fala-se sozinho no parlêtre, ou algo retorna no real sem mediação, tornando as urgências subjetivas cada vez mais frequentes, em suas distintas modalidades, carregadas de angústia. Na atualidade, as terapias recomendadas pela ciência são aquelas baseadas em protocolos que podem ser…

Rubrica Eixo 4 – ADVERTÊNCIA PREPOSICIONAL

18 de julho de 2025

Celeste Viñal – EOL/AMP Página em branco, não me decido. A proposta do Tambor repercute, cumprindo sua tarefa, e o título de nosso próximo ENAPOL ressoa em mim, evocando possibilidades distintas. Se eu falasse, pessoalmente, numa espécie de “falo com o coração” para substituir o a partir de, o que eu diria? Como falar a partir da criança que fomos? Com o pouco que disso o Eu reteve, me pergunto: se eu desse voz àquela que recordo ter sido, seria à dos quatro anos ou à dos dez? Quando se considera ter sido criança? É um só estado? Uma faixa…

Rubrica Eixo 2 – SEMBLANTE E REAL

30 de junho de 2025

Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros EBP/AMP Acrescentar ao falar a dimensão do testemunho coloca em jogo a presença de algo que escapa ao sujeito ao falar e que o atormenta e vai além de qualquer intenção de comunicar. Está lá o que atormenta, o que angustia, sem que se possa falar. O testemunhar requer um trabalho, a construção de uma verdade mentirosa, uma histoeria[1], que torna transmissível o que permite lidar com a tormenta. O uso da fala em análise serve para tratar um real que acossa cada um de forma bem singular. A experiência da fala dirigida a um analista abre a possibilidade de entrar em contato com o…

Rubrica Eixo 1 – ENTRE DUAS LÍNGUAS

30 de junho de 2025

Ennia Favret EOL/AMP “Nem frase do fantasma nem invólucro formal do sintoma, a frase significativa é uma ampliação do nosso vocabulário clínico”. É. Laurent[i] Orientada por esta proposta, apresentarei duas vinhetas. Margot é uma criança quando sua professora a nomeia como “a estrangeira que escreve sem erros de ortografia”. Uma frase com intenção elogiosa, que não possui uma carga traumática aparente, mas que, no entanto, impacta, perturbando sua subjetividade – desconcerta-a, divide-a. Ela nunca a esqueceu, e foi somente quando levava a filha à escola que a recordou, com um certo matiz angustiado, mas que, ao mesmo tempo, a fez…

RUBRICA EIXO 4: COMO FALAR COM O FEMININO?

12 de junho de 2025

Margarida Elia Assad – EBP/AMP São muitas as manifestações do que se extravia na constituição do falasser. Ao assistirmos a série Adolescência, muito comentada nas redes sociais, ficamos pensando sobre o quê  falar com esses sujeitos que acabaram de sair do que chamamos Infância, tradicionalmente chamados de púberes ou adolescentes, e se mostram desorientados em relação às parcerias sexuais. Penso mais em escutar do que falar; o que escutamos quando vemos uma geração desorientada, angustiada e sem rumo? O que está acontecendo? Como psicanalistas, somos advertidos pela revelação freudiana de que enquanto ser-para-o-sexo, somos também ser-para-a morte. Quando atravessamos uma…

RUBRICA EIXO 3: COM A CRIANÇA

12 de junho de 2025

Manuel Zlotnik – EOL/AMP Em outras épocas, não se deixava a criança falar. “Você não sabe o que é fome!”[1] disseram ao nosso colega Alejandro Reinoso quando era criança, e isso o calou. A criança não sabia, não tinha experiência nem conhecimento, portanto, não podia falar. Os mais velhos falavam e os mais novos se calavam; era a época da supremacia do Nome do Pai. Hoje, os tempos mudaram drasticamente. Com a Declaração dos Direitos da Criança e a livre demanda, a criança fala e isso transforma-se em um mandato. O que ela diz é tomado literalmente e, em muitos…

Rubrica Eixo 2 – FICÇÃO E CANTO DA PALAVRA

2 de junho de 2025

Gisela Smania – EOL/AMP Uma análise implica enlaçar-se de maneira original com o fato de falar. Destinadas a dar voltas no dizer, as recordações encontram seu lugar, imediatamente, como pedaços de vida exercidos em nome da história, impressões, peças infantis que “a memória – suspeitosamente – acredita que reproduz”[1] e que carregam o anseio da revelação, o lampejo fugidio da verdade com o qual o inconsciente sonha. Mas, como anuncia Lacan em seu último ensino, com a hora do real, “não há verdade que, ao passar pela atenção, não minta. O que não impede que se corra atrás dela”[2]. Alguns…

Rubrica Eixo 2 – FALAR EM ANÁLISE: ENTRE A FICÇÃO E O REAL

15 de maio de 2025

Gabriela Villarroel – Nova Política da Juventude – NEL Convocada pelas vibrações do tambor do ENAPOL, compartilho algumas ressonâncias que o eixo 2, Falar… “testemunhar da melhor maneira possível sobre a verdade mentirosa”, me suscitou. Considero que este é um eixo que nos permitirá demonstrar por que a psicanálise não tem a ver com a realidade. Provavelmente seja por essa orientação – não tão fácil de localizar – que Freud descobre o inconsciente, e a psicanálise fica enquadrada em uma ética que se dirige ao singular: o gozo. Em seu texto “A perda de realidade na neurose e na psicose”,…