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CONVERSAÇÕES COM A CRIANÇA

Conversações Federativas do XII ENAPOL


SALA I

O ETERNO DO INFANTIL

A vida é uma certeza, é a certeza de um corpo que se goza. Mas ela também é insuportável por ser fora do sentido. Hoje a morte (o morrer) e a vida tendem a ser tomadas como propriedade de um eu no poder, pelo imaginário. Busca-se decidir a hora e o modo da morte (tanto de si quanto do inimigo). Como articular as fases da vida, inscritas no campo do sentido, com o eterno do infantil gozo da vida?


 

SALA II

LER O INSUPORTÁVEL DA INFÂNCIA

O termo “insuportável” acentua o toque de real que deve ser reintroduzido sempre na consideração do infantil. O insuportável na sexualidade infantil é sua relação com o ilimitado. Por isso, sua insuperável exigência é sempre rechaçada, assim como a do gozo dito feminino. A época exige da criança que se conforme a rígidos narcisismos, mas ao mesmo tempo, sonha e propõe o ilimitado do gozo a todos. Queremos acompanhar o insuportável do infantil do início e do fim de uma análise tanto do lado do analista quanto do analisante.


SALA III 

O SEXUAL DO INFANTIL

O campo do erotismo está circunscrito pelo fantasma entendido por Lacan como lugar do gozo sentido. Ele aprisiona o circuito do gozo no sentido e em determinações que, na experiência analítica, podem encontrar seu caráter de contingência. Neste sentido, podemos pensar o polimorfismo do infantil com relação ao acontecimento de corpo em oposição aos modos de gozo fantasmático. Talvez seja um modo de infiltrar nos encontros algo que perturbe as paixões tristes e que estejam mais perto da alegria da língua. É a alegria da surpresa, gaio saber, gozo alegre de lalíngua, que ri.


SALA IV

A DEVASTAÇÃO DA PALAVRA

Houve época que a cultura traumatizava os corpos. Hoje, trata-se da devastação da palavra (e da natureza) pelo ilimitado do mercado, que não responde a nenhum “não” de nenhum mestre. Respondemos à devastação generalizada criando o campo sensível para que as palavras operem construindo as ficções, seus modos de dizê-las, mantendo-as próximas do corpo. Esta seria uma forma de a psicanálise poder fazer a roda da aliança entre ciência e capital se suspender por um segundo.


SALA V

LALÍNGUA DESENCADEADA

Antes da infância havia o infantil, como um do gozo. Falar deste gozo é falar do choque pulsional, nos termos de Freud, o acontecimento de corpo, com Lacan, que atravessa o fantasma sem nele consistir. Este “antes”, o infantil, habita um fora-da-história, o fora-do-tempo do inconsciente que, uma vez corporizado, como sintoma, por exemplo, guarda sua presença nas modulações e ressonância do que de-canta lalíngua.


SALA VI 

O “TALVEZ” DA CRIANÇA E SUA LOUCURA

Nossos corpos resultam dos detritos da passagem da linguagem pela “peneira” do organismo, segundo a metáfora de Lacan em sua Conferência de Genebra sobre o sintoma. Esses detritos nunca serão incluídos no campo do sentido e nem terão lugar estável no corpo a não ser com um tanto de ambiguidades e mal-entendidos, como a criança quando diz “talvez”. Disso resulta modos singulares de usar a língua e os modos singulares como ela se enlaça com o corpo de cada um. Seria possível pensarmos de que modo esses detritos da língua podem incidir no corpo social?


SALA VII 

FILHOS DO MAL-ENTENDIDO

 A miragem de um homem neuronal corresponde a tomar o corpo como formado por uma escrita fixa, as fórmulas da ciência. Nós localizamos no real as marcas, letras, do encontro do vivo com a linguagem que falam nos mal-entendidos e que são, por vezes, neutralizados nos estilos de vida para reduzir seu efeito de estranheza. Como fazer vibrar o fora do sentido, o vivo de lalíngua, que não se enquadra em nenhuma realidade pré-estabelecida?


SALA VIII 

 NÃO EXISTE GENTE GRANDE

 “Não há gente grande” se opõe à “criança generalizada”. Enquanto a segunda é uma tese sobre nossos dias, a primeira exige que se dê lugar ao infantil como nome de um gozo que impede a possibilidade de um ego estável e fixo. A discussão sobre “gente grande” [grandes personnes] envolve também lalíngua, pois demonstra como é difícil estabilizar uma idade e sua língua, uma vez que somos falados desde o lugar do infantil, de onde não há necessidade de dizer o que é um adulto. É sob transferência que é possível por lalíngua a trabalho.


Comissão responsável:

  • Andrea Zelaya – EOL
  • Flávia Cêra – EBP
  • Gladys Martínez – NEL
  • Marcus André Vieira – EBP (Coordenação)
  • Marina Recalde – EOL
  • Mirmila Musse – EBP
  • Raquel Cors – NEL