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FREUD

“[…] as experiências dos primeiros anos de nossa infância deixam traços inerradicáveis nas profundezas de nossa mente. Entretanto, ao procurarmos averiguar em nossa memória quais as impressões que se destinavam a influenciar-nos até o fim da vida, o resultado é, ou absolutamente nada, ou um número relativamente pequeno de recordações isoladas que são frequentemente de importância duvidosa ou enigmática”.

FREUD, S. Lembranças encobridoras. Em Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago Ed. Vol III, 1986, p. 271.

 

“O excesso de sexualidade, por si só, não é suficiente para causar o recalcamento; é necessária a cooperação da defesa; contudo, sem um excesso de sexualidade, a defesa não produz neurose.”

FREUD, S. “Isolamento da comunidade cientítica” In: A correspondência completa de Sigmund Freud para Wilhem Fliess.  Rio de Janeiro, Ed Imago, 1986, p. 189.

 

“[…] o trauma psíquico – ou, mais precisamente, a lembrança do trauma – age como um corpo estranho que, muito depois de sua entrada, deve continuar a ser considerado como um agente que ainda está em ação […]”.

FREUD, S. e Breuer, J. “Sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos: Comunicação preliminar” (1893). Em ESB. Rio de Janeiro: Imago Ed. Vol II, 1987, p. 44.

 

“Cada pormenor da história terá de ser repetido mais tarde e é apenas com estas repetições que aparecerá material adicional para suprir as importantes associações que são desconhecidas do paciente.”

FREUD, S. “Sobre o início do tratamento (Novas Recomendações Sobre a Técnica da Psicanálise I)” (1913). Em ESB. Rio de Janeiro: Imago Ed. Vol XII, 2006, p. 151.

 

“[…]o paciente não recorda coisa alguma do que esqueceu e reprimiu, mas expressa-o pela atuação ou atua-o ( _acts in out_ ). Ele o reproduz não como lembrança, mas como ação, repete-o, sem, naturalmente, saber que o está repetindo.”

FREUD, S. “Recordar, repetir e elaborar (Novas Recomendações Sobre a Técnica da Psicanálise II)” (1914). Em ESB. Rio de Janeiro: Imago Ed. Vol XII, 2006, p. 165.

 

“ A evocação, em época posterior, de uma lembrança sexual de época anterior, produz um excesso de sexualidade na psique que atua como inibidor do pensamento e confere à lembrança e a suas consequências um caráter obsessivo – impossibilidade de inibição”.

”Freud, S. A correspondência Completa de Sigmund Freud e Wilheim Fliess (1887-1889). Jeffrey MoussaiefMasson. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Imago,  1986, p.188. Carta de 30 de maio de 1896.


LACAN

SEMINÁRIOS 

“A história é o passado na medida em que é historiado no presente – historiado no presente porque foi vivido no passado.”

LACAN, J., “Capítulo I: Introdução aos comentários sobre os Escritos Técnicos de Freud” (1953-1954).  Em: O seminário livro 1: os escritos técnicos de Freud, texto estabelecido por Jacques-Alain Miller: versão brasileira Betty Milan, Rio de Janeiro, Zahar, 2009, p. 22.

 

“Toda palavra tem sempre um mais-além, sustenta muitas funções, envolve muitos sentidos. Atrás do que se diz um discurso, há o que ele quer dizer, e, atrás do que quer dizer, há ainda um outro querer-dizer (…)”.

LACAN, J., “Capítulo XIX: A função criativa da palavra” (1953-1954). Em: O seminário livro 1: os escritos técnicos de Freud. Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller: versão brasileira Betty Milan, Rio de Janeiro, Zahar, 2009, p. 314.

 

“Há uma outra forma de defesa que aquela que provoca uma tendência ou uma significação proibida. É a defesa que consiste em não se aproximar do lugar em que não há resposta à questão.”

LACAN, J., “Capítulo XV: Dos significantes primordiais, e da falta de um” (1955-56). En: O seminário livro 3, As Psicoses. Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller, versão brasileira de Aluisio Menezes. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed, 2002, p. 229

 

“Uma nostalgia liga o sujeito ao objeto perdido, através da qual se exerce todo o esforço da busca. Ela marca a redescoberta do signo de uma repetição impossível, já que, precisamente, este não é o mesmo objeto, não poderia sê-lo.”

LACAN, J., “Capítulo I: Introdução” (1956-57). Em: O seminário livro 4: a relação de objeto. Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller, tradução Dulce Duque Estrada. Rio de Janeiro, 1995, p. 13

 

“A elucidação da relação do sujeito com o falo, na medida em que ele não o é, mas deve vir em seu lugar, é a única apropriada a permitir que se conceba a conclusão ideal que Freud articula em seu Wo Es war, soll Ich werden.”

LACAN, J., “Capítulo XXVII: Uma saída pelo sintoma” (1957-1958). Em: O seminário livro 5, As formações do inconsciente. Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller, tradução Vera Ribeiro, versão final: Marcus André Viera. Rio de Janeiro, 1999, p.499.

 

“É aí que ele se une ao ponto do horizonte onde se articula o preceito de Freud, seu Wo Es war, soll Ich werden.

Ele é também o que uma outra sabedoria exprime em seu Tu és isto.

É isso que se deve, no final, vir marcar a assunção autêntica e plena do sujeito em sua própria fala.

O que significa — no horizonte da fala sem o qual, exceto traçando rotas falsas e produzindo desconhecimentos, nada na análise poderia ser articulado — que o sujeito reconheça onde está…

LACAN, J., “Capítulo XXVIII: Tu és aquele quem odeias” (1957-1958). Em: O seminário livro 5, As formações do inconsciente. Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller, tradução Vera Ribeiro, versão final: Marcus André Viera. Rio de Janeiro, 1999, p.521.

 

“A partir do momento em que uma parte do mundo simbólico emerge, ela cria, efetivamente, seu próprio passado. Mas não do mesmo jeito que a forma no nível intuitivo.  É justamente na confusão dos dois planos que reside o erro, o erro de crer que aquilo que a ciência constitui por intermédio da intervenção da função simbólica estava aí desde sempre, de crer que está dado.
Este erro existe em todo saber, visto que é apenas uma cristalização da atividade simbólica, e que, uma vez constituído, ele a esquece. Há em todo saber, uma vez constituído, uma dimensão de erro, que consiste em esquecer a função criadora da verdade em sua forma nascente. Que a gente se esqueça no âmbito experimental, ainda passa, já que está ligado a atividades puramente operantes […]. Mas nós, analistas, que trabalhamos na dimensão desta verdade em estado nascente, não podemos esquecê-la”.

LACAN, J. “Capítulo II: Saber, Verdade, Opinião” (1954-1955). In: O Seminário, livro 2: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise. 2. Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. p. 33.


ESCRITOS

“Fez-se questão apenas de repetir, segundo Freud, o dito de sua descoberta: isso fala, e sem dúvida o faz onde menos seria de se esperar, ali onde isso sofre.”

LACAN, J., “A coisa freudiana, ou  Sentido do retorno a Freud em psicanálise” (1955). Em: Escritos. Tradução Vera Ribeiro, Rio de Janeiro, Zahar, 1998, p.414.

 

“Essa paixão do significante, por conseguinte, torna-se uma nova dimensão da condição humana, na medida em que não somente o homem fala, mas em que, no homem e através do homem, isso fala.”

LACAN, J., “A significação do falo” (1958). Em: Escritos. Tradução Vera Ribeiro, Rio de Janeiro, Zahar, 1998, p.695.

 

“Pois, afirmar da psicanálise e da história que, como ciências elas são ciências do particular não quer dizer que os fatos com que elas lidam sejam puramente acidentais, senão factícios, e que seu valor último se reduza ao aspecto bruto do trauma. Os acontecimentos se engendram numa historicização primária, ou seja, a história já se faz no palco em que será encenada depois da escrita, no foro íntimo e no foro externo.”

Lacan, J. Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise (1953). In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1998, p.262


OUTROS ESCRITOS

“O inconsciente, isso fala, o que o faz responder da linguagem, da qual pouco sabemos, apesar do que designo como lingüisteria”.

LACAN, J. Televisão (1973). Em: Outros Escritos (1901-1981). Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Tradução de Vera Ribeiro; versão final Angelina Harari e Marcus André Vieira; 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003, p.510.

 

“…a questão de saber se, em virtude da ignorância em que é mantido esse corpo pelo sujeito da ciência, chegaremos a ter direito de desmembrá-lo para a troca.

Acaso não se discerne do que eu disse hoje na convergência? Haveremos de destacar pelo termo criança generalizado a consequência disso? … “Acabei acreditando, veja só, neste declínio de minha vidadisse-lhe ele, “que não existe gente grande.”

LACAN, J. Alocução sobre as psicoses da criança (1967). In: Outros Escritos (1901-1981). Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Tradução de Vera Ribeiro; versão final Angelina Harari e Marcus André Vieira; 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003, p.367.

 

“Não há outro traumatismo do nascimento se não o de nascer como desejado. Desejado. Ou não – é a mesma coisa, já que é pelo falasser. O falasser em questão, em geral, reparte-se em dois falantes. Dois falantes que não falam a mesma língua. Dois que não se entendem, pura e simplesmente. Dois que simplesmente não se entendem. Dois que se conjuram para a reprodução, mas por um mal-entendido realizado, que o seu corpo veiculará com a chamada reprodução”

LACAN, Jacques. “O mal-entendido”. Opção Lacaniana n°72. São Paulo: Edições Eolia, 2016. p.11

 

“A criança realiza a presença […] do objeto a no fantasma. Ela satura, substituindo-se a esse objeto, a modalidade de falta em que se especifica o desejo (da mãe), seja qual for sua estrutura especial: neurótica, perversa ou psicótica. Ela aliena em si qualquer acesso possível da mãe a sua própria verdade, dando-lhe corpo, existência e até a exigência de ser protegida. O sintoma somático  […]  oferece o máximo de garantia a esse desconhecimento; é o recurso inesgotável, conforme o caso, a atestar a culpa, servir de fetiche ou encarnar uma recusa primordial.”

LACAN, Jacques. Nota sobre a criança. In: Outros Escritos. Trad. De Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. P370


MILLER

“(…) allí donde eso se callaba, allí donde eso no decía nada más, yo debo advenir a rememorarme.”

MILLER, J.-A., “Capítulo XIII: El deseo del analista en la experiencia analítica” (1982-83). En: Del síntoma al fantasma. Y retorno, Buenos Aires, Paidós, 2018, p. 222

 

“… la defensa califica de manera electiva la relación subjetiva con lo real,”

“La defensa (…) apunta a otra operación y no recae sobre un significante.”

MILLER, J.-A. “Capítulo III: Perturbar la defensa” (1998-1999). En: La experiencia de lo real en la cura psicoanalítica. Buenos Aires, Paidós, 2008. p. 51.

 

“… para Freud la defensa califica una relación con la pulsión respecto de la cual la interpretación no es la operación prescripta en el análisis.”

MILLER, J.-A. “Capítulo III: Perturbar la defensa” (1998-1999). En: La experiencia de lo real en la cura psicoanalítica. Buenos Aires, Paidós, 2008. p. 52.

 

 “… el acontecimiento (…) fundador de la huella de afecto, mantiene un desequilibrio permanente, mantiene en el cuerpo y en la psique un exceso de excitación que no se deja reabsorber.”

“… acontecimiento traumático, ese que dejará huellas en la vida subsecuente del parlétre.”

MILLER, J.-A. “Capítulo XXI: Acontecimientos del cuerpo” (1998-1999). En: La experiencia de lo real en la cura psicoanalítica. Buenos Aires, Paidós, 2008, p.378.

 

a es aquello a lo cual hablamos (…) Ese objeto a, que es eso de lo que no podemos hablar, llegado el caso se encarna en sustancias diversas. Que preferimos hablar a A antes que a a, es un hecho.”

MILLER, J.-A “Capítulo XII: El resto de un análisis” (1987-1988). En: Causa y consentimiento, Buenos Aires, Paidós, 2019, p. 215-216.

 

“La sexualidad siempre es traumatizante.”

MILLER, J.-A “Capítulo XII: El resto de un análisis” (1987-1988). En: Causa y consentimiento, Buenos Aires, Paidós, 2019, p. 283.

 

 “Sin duda, hay una distancia entre no saber lo que se dice y decir lo que no se sabe. Pero hay que empezar por no saber lo que se dice para poder llegar a decir lo que no se sabe”.

MILLER, J.-A. “Capítulo I: Construcción de lo real” (1983-1984). En: Respuestas de lo real, Buenos Aires, Paidós, 2024, p. 13.

 

“[…] se concentra a atenção na relação mãe/criança – concebida de uma forma dual, recíproca, se assim o desejaram, como se a mãe e a criança estivesse fechadas numa esfera”.

Miller, J-A. “A criança, entre a mulher e a mãe” in Opção Lacaniana nº 21. São Paulo: Edições Eolia, 1998. p.7

 

“[…]quando se atenta na relação mãe/criança, não é somente a função do pai, cuja incidência sobre o desejo da mãe é, sem dúvida, necessária para permitir ao sujeito um acesso normativo a sua posição sexual.” 

Miller, J-A. “A criança, entre a mulher e a mãe” in Opção Lacaniana nº 21. São Paulo: Edições Eolia, 1998. p.7