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RUBRICA EIXO 3: COM A CRIANÇA

12 de junho de 2025

Manuel Zlotnik – EOL/AMP Em outras épocas, não se deixava a criança falar. “Você não sabe o que é fome!”[1] disseram ao nosso colega Alejandro Reinoso quando era criança, e isso o calou. A criança não sabia, não tinha experiência nem conhecimento, portanto, não podia falar. Os mais velhos falavam e os mais novos se calavam; era a época da supremacia do Nome do Pai. Hoje, os tempos mudaram drasticamente. Com a Declaração dos Direitos da Criança e a livre demanda, a criança fala e isso transforma-se em um mandato. O que ela diz é tomado literalmente e, em muitos…

No berço do acorde[1]

6 de junho de 2025

Maria Josefina Sota Fuentes[2] Desde já agradecendo ao Bureau da FAPOL e às organizadoras responsáveis do XII ENAPOL por este convite, começarei pelo ponto de partida do inspirado argumento de Fernanda Otoni[3]: “Partimos daí, do desejo de fazer falar isso que fala a cada um. […]. Mas como fazer falar no ENAPOL essa língua imperfeita?” A via encontrada foi “falar com a criança, porque não fazemos outra coisa numa análise do que fazer falar a criança”. De entrada, pareceu-me importante sublinhar que em uma análise falamos e fazemos falar à criança que nos habita partindo de uma concepção da linguagem…

Crianças inquietantes[1]

6 de junho de 2025

Jorge Chamorro[2]  O que é uma criança? Lembro que Sigmund Freud fala de “o visto e o ouvido”, como as primeiras marcas da pulsão no sujeito. Em relação a essa formulação é necessário acrescentar: o que é falado pela criança. Isso me permite sublinhar dois pontos sobre a criança: O visto, o ouvido e o falado. A neurose infantil. Acrescento ao primeiro ponto que o falado tem efeitos importantes na própria criança e nos outros. No segundo ponto, substituímos neurose infantil por estrutura. Essa substituição modifica a temporalidade, já não se trata da duração do tempo – criança, adolescente, adulto,…

Rubrica Eixo 2 – FICÇÃO E CANTO DA PALAVRA

2 de junho de 2025

Gisela Smania – EOL/AMP Uma análise implica enlaçar-se de maneira original com o fato de falar. Destinadas a dar voltas no dizer, as recordações encontram seu lugar, imediatamente, como pedaços de vida exercidos em nome da história, impressões, peças infantis que “a memória – suspeitosamente – acredita que reproduz”[1] e que carregam o anseio da revelação, o lampejo fugidio da verdade com o qual o inconsciente sonha. Mas, como anuncia Lacan em seu último ensino, com a hora do real, “não há verdade que, ao passar pela atenção, não minta. O que não impede que se corra atrás dela”[2]. Alguns…

Entrevista com Silvia Pino – EOL/AMP “Não há relação sexual, há um excedente de sexualidade”

2 de junho de 2025

No presente vídeo, Silvia Pino, psicanalista membro da EOL e da AMP, nos convida a extrair do texto de orientação para o XII ENAPOL de Jacques-Alain Miller, ‘O estatuto do trauma’, uma fecunda chave de leitura que nos permitirá situar: a passagem de falar com a criança para falar com a criança na experiência analítica. E um extra: ela nos presenteia com referências bibliográficas imprescindíveis, ótimas para animar vocês, queridos colegas, ao ritmo da escrita!

A MAGNÍFICA DESOLAÇÃO E A ENCARNAÇÃO DO CORTE

2 de junho de 2025

Ram Mandil – EBP/AMP O episódio é pouco conhecido.  Instantes antes de fazer o primeiro pouso na Lua, um alarme soa no computador do Módulo Lunar: o enigmático “código 1202”, indicando sobrecarga de dados no sistema.  Nem os astronautas a bordo, Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin, nem a Central em Houston sabiam as causas. Tensão, seguida de checagem de todos os parâmetros para embasar a decisão: GO ou ABORT STAGE.  Mesmo sem saber exatamente a causa, Houston dá seu parecer: “Somos pelo GO”. As análises indicavam tratar-se de um “risco aceitável”. Quarenta anos depois, “Buzz” Aldrin, em seu livro…

Nada. Ninguém.[1]

28 de maio de 2025

Eugenia Serrano[2] Gosto dessas frases de Freud tão prudentes, judiciosas, antigas, envelhecíeis: As inumeráveis particularidades da vida amorosa humana são restos da infância. A ternura materna é sexual. É a latência que entrega todas as crianças à perversidade. O amor não tem objeto. A pulsão sexual é anormal (não normatizada) (…) Uma espécie sexuada, pode dizer nós? Não. Nunca.” [3] Agradeço ao Charly por ter me aproximado dessa referência tão bonita. A festa freudiana Para mim, sempre é uma festa voltar a Freud. Os anos passam e esse banquete nunca me decepciona. Às vezes penso que se trata do que…

Rubrica Eixo 2 – FALAR EM ANÁLISE: ENTRE A FICÇÃO E O REAL

15 de maio de 2025

Gabriela Villarroel – Nova Política da Juventude – NEL Convocada pelas vibrações do tambor do ENAPOL, compartilho algumas ressonâncias que o eixo 2, Falar… “testemunhar da melhor maneira possível sobre a verdade mentirosa”, me suscitou. Considero que este é um eixo que nos permitirá demonstrar por que a psicanálise não tem a ver com a realidade. Provavelmente seja por essa orientação – não tão fácil de localizar – que Freud descobre o inconsciente, e a psicanálise fica enquadrada em uma ética que se dirige ao singular: o gozo. Em seu texto “A perda de realidade na neurose e na psicose”,…

Rubrica Eixo 4 – ALERTA AMÉRICA! CRIANÇAS EM PERIGO DIANTE DO AVANÇO A PASSO FIRME DO DISCURSO DA UNIVERSALIZAÇÃO

15 de maio de 2025

Viviana Berger – NEL/AMP Que outra resposta a psicanálise pode dar senão empunhar sua interpretação diretamente ao centro do coração da “criança generalizada” como os discursos da modernidade nos propõe? “PSICANALISTAS, SAIAM A DIZER!” Estão atropelando o mais precioso do sujeito! – urge a FAPOL. É importante levar em conta vários aspectos da condição sobre a criança generalizada, cujos efeitos lemos no retorno deste real nas consultas de hoje. Quais são as consequências sintomáticas, fantasmáticas e estruturais de edificar a criança como um objeto idealizado, levada a responder de maneira homogênea às normas universalizantes, em um contexto que exclui da…

CITAÇÕES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

15 de maio de 2025

FREUD “Direi, de imediato, que ambos os rumos conduzem ao mesmo resultado: o estranho é aquela categoria do assustador que remete ao que é conhecido, de velho, e há muito familiar. Como isso é possível, em que circunstâncias o familiar pode torna-se estranho e assustador […].” Freud, S. “O estranho” (1919). Em Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago Ed. Vol XVII, 2006, p.238. LACAN  “O que convém apontar aqui, no entanto, é (…) opor a que seja o corpo da criança que corresponde ao objeto a. (…) no impulso do “teu corpo é teu”, no qual se vulgarizou no início do século um…