CITAÇÕES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREUD
“O segundo grande problema a ocupar a mente de uma criança – um pouco mais tarde, sem dúvida – é o da origem dos bebês. Isso geralmente é despertado pelo indesejado nascimento de um irmão ou de uma irmã. …Os que sabem interpretar os mitos e as lendas podem identificá-lo no enigma que a Esfinge de Tebas apresenta a Édipo. As respostas usualmente concedidas à criança danificam seu genuíno instinto de investigação e, via de regra, também desferem o primeiro golpe na confiança que ela deposita em seus pais. Dessa data em diante, geralmente começa a desconfiar dos adultos e a esconder deles seus interesses mais íntimos.
Freud, S., “O esclarecimento sexual das crianças” (Carta aberta ao Dr. M. Fürst) (1907) In: Obras completas. Vol IX, Rio de Janeiro, Ed Imago 1976; p. 141.
LACAN
“Quando Freud percebe a repetição no brinquedo de seu neto, no fort-da reiterado, pode muito bem sublinhar que a criança obstrui o efeito do desaparecimento de sua mãe fazendo-se o agente dele – este fenômeno é secundário. […]. Pois o jogo do carretel é a resposta do sujeito àquilo que ausência da mãe veio criar na fronteira do seu domínio – a borda do seu berço – isto é, um fosso em torno do qual ele nada mais tem a fazer se não o jogo do salto.
Esse carretel não é a mãe reduzida a uma bolinha por não sei que jogo digno dos Jivaros – é alguma coisinha do sujeito que se destaca embora ainda sendo bem dele, que ele ainda segura. E o caso de dizer, imitando Aristóteles que o homem pensa com seu objeto. […]. A este objeto daremos ulteriormente seu nome de álgebra lacaniana – o a minúsculo”.
Lacan, J., “Tiquê e Autômaton” (1964) lição V, In O Seminário livro 11, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de janeiro, Jorge Zahar Ed. 1990, p. 63
MILLER
“Na impossibilidade de admitir o particular do desejo no outro sexo, o pai destrói, na criança, o sujeito sob o outro do saber. Daí, o pai, o falso pai, pressiona essa criança, cada vez mais, a encontrar refúgio na fantasia materna, a fantasia de uma mãe negada como mulher… Em segundo lugar, que o desejo não saberia ser anônimo, nem universal, nem puro, nem saberia ser o desejo de “alguém”, nem o de um deus, nem o do povo, se o assunto deve ser transmitido através das gerações. Que o desejo do analista, igualmente, por mais normatizado que seja, não saberia ser um desejo anônimo, universal e puro”.
Miller, J, A.-, “A criança entre a mulher e a mãe”. In: Opção Lacaniana online nova série Ano 5, Número 15, novembro 2014, p 15.