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A MAGNÍFICA DESOLAÇÃO E A ENCARNAÇÃO DO CORTE

2 de junho de 2025

Ram Mandil – EBP/AMP O episódio é pouco conhecido.  Instantes antes de fazer o primeiro pouso na Lua, um alarme soa no computador do Módulo Lunar: o enigmático “código 1202”, indicando sobrecarga de dados no sistema.  Nem os astronautas a bordo, Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin, nem a Central em Houston sabiam as causas. Tensão, seguida de checagem de todos os parâmetros para embasar a decisão: GO ou ABORT STAGE.  Mesmo sem saber exatamente a causa, Houston dá seu parecer: “Somos pelo GO”. As análises indicavam tratar-se de um “risco aceitável”. Quarenta anos depois, “Buzz” Aldrin, em seu livro…

Nada. Ninguém.[1]

28 de maio de 2025

Eugenia Serrano[2] Gosto dessas frases de Freud tão prudentes, judiciosas, antigas, envelhecíeis: As inumeráveis particularidades da vida amorosa humana são restos da infância. A ternura materna é sexual. É a latência que entrega todas as crianças à perversidade. O amor não tem objeto. A pulsão sexual é anormal (não normatizada) (…) Uma espécie sexuada, pode dizer nós? Não. Nunca.” [3] Agradeço ao Charly por ter me aproximado dessa referência tão bonita. A festa freudiana Para mim, sempre é uma festa voltar a Freud. Os anos passam e esse banquete nunca me decepciona. Às vezes penso que se trata do que…

Rubrica Eixo 2 – FALAR EM ANÁLISE: ENTRE A FICÇÃO E O REAL

15 de maio de 2025

Gabriela Villarroel – Nova Política da Juventude – NEL Convocada pelas vibrações do tambor do ENAPOL, compartilho algumas ressonâncias que o eixo 2, Falar… “testemunhar da melhor maneira possível sobre a verdade mentirosa”, me suscitou. Considero que este é um eixo que nos permitirá demonstrar por que a psicanálise não tem a ver com a realidade. Provavelmente seja por essa orientação – não tão fácil de localizar – que Freud descobre o inconsciente, e a psicanálise fica enquadrada em uma ética que se dirige ao singular: o gozo. Em seu texto “A perda de realidade na neurose e na psicose”,…

Rubrica Eixo 4 – ALERTA AMÉRICA! CRIANÇAS EM PERIGO DIANTE DO AVANÇO A PASSO FIRME DO DISCURSO DA UNIVERSALIZAÇÃO

15 de maio de 2025

Viviana Berger – NEL/AMP Que outra resposta a psicanálise pode dar senão empunhar sua interpretação diretamente ao centro do coração da “criança generalizada” como os discursos da modernidade nos propõe? “PSICANALISTAS, SAIAM A DIZER!” Estão atropelando o mais precioso do sujeito! – urge a FAPOL. É importante levar em conta vários aspectos da condição sobre a criança generalizada, cujos efeitos lemos no retorno deste real nas consultas de hoje. Quais são as consequências sintomáticas, fantasmáticas e estruturais de edificar a criança como um objeto idealizado, levada a responder de maneira homogênea às normas universalizantes, em um contexto que exclui da…

CITAÇÕES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

15 de maio de 2025

FREUD “Direi, de imediato, que ambos os rumos conduzem ao mesmo resultado: o estranho é aquela categoria do assustador que remete ao que é conhecido, de velho, e há muito familiar. Como isso é possível, em que circunstâncias o familiar pode torna-se estranho e assustador […].” Freud, S. “O estranho” (1919). Em Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago Ed. Vol XVII, 2006, p.238. LACAN  “O que convém apontar aqui, no entanto, é (…) opor a que seja o corpo da criança que corresponde ao objeto a. (…) no impulso do “teu corpo é teu”, no qual se vulgarizou no início do século um…

LA BOMBA DE TIEMPO: RESSONÂNCIAS-ENSINOS

15 de maio de 2025

Ana Sol Sikic, Lisa Erbin, Micaela Parici (EOL/AMP) Para a Conexão deste número do Tambor escolhemos La Bomba de Tiempo porque é um grupo movido puramente a tambores. Percussões, ritmos, vibrações, sinais, corpos, danças, tempo, encontro após encontro, improvisação. Tudo isso acontece ali quando eles se reúnem às segundas-feiras, às 20h, no belo palco da Cidade Cultura Konex, Buenos Aires, há 14 anos. Gabriel Spiller aceitou conversar conosco sobre isso, guiados pelo desejo de nos deixarmos ensinar pelos artistas.

Ser grande não é questão de idade[1]

15 de maio de 2025

Carolina Puchet Dutrénit[2]  Há alguns dias, enquanto dirigia pela minha cidade, vi a propaganda de uma loja de departamento muito conhecida, que me chamou a atenção. Era a fotografia de uma mulher de certa idade e dizia o seguinte: SER GRANDE NÃO É QUESTÃO DE IDADE. Assim que vi a imagem, pensei que o slogan seria o título dessa intervenção. Sem dúvida, os publicitários – talvez sem saber – colocam uma questão muito psicanalítica. De fato, para nós, analistas, o inconsciente não tem idade, trabalhamos com sujeitos, mas o que isso significa? Quando podemos dizer que há aí um sujeito?…

Há e não há gente grande…[1]

Luisa Aragón[2] A cada dois anos, o ENAPOL nos convida ao trabalho com um título provocador que interpreta a vigência da psicanálise frente aos discursos atuais que regem a civilização, produzindo efeitos na subjetividade e no laço social. O argumento do XII ENAPOL e um dos seus eixos retomam a Alocução sobre as psicoses da criança para ressaltar a precisão com a qual Lacan se antecipou e interrogou as consequências que extrairíamos do termo “criança generalizada”.[3] Numa época planetária caracterizada pelo aumento vertiginoso e pelo impacto do discurso capitalista, ligado ao progresso da ciência e da técnica e distanciado da…

O que nos f(a)la a criança?[1]

Alvaro Rendón Chasi[2]  … dele se despediu um religioso: “Acabei acreditando, veja só, neste declínio de minha vida […] que não existe gente grande”[3] Vou me arriscar um pouco em agradecimento a esse convite recebido do Conselho da NELcf e da sua presidenta Ana Viganó: Começo sinalizando que o objeto-criança se transforma em ser humano em algum momento da Idade Média. Assim sustenta o historiador francês Philippe Ariès indicando que a criança era “uma coisinha engraçadinha”; “um animalzinho” com o qual a gente se divertia; “um macaquinho impudico”: “A criança não chegava a sair de uma espécie de anonimato”[4] até…

Rubrica Eixo 3: INFÂNCIA INEXTINGUÍVEL, DOCILIDADE TRANSFERENCIAL

2 de maio de 2025

Marcela Antelo – EBP/AMP Costuma-se dizer que a infância se perde, que a inocência se perde, que os ideais se espatifam e as ilusões se corroem, que o amor se erode, e que não o refletimos como ayer. O tempo e o lugar do ócio, do brincar, do dolce far niente fica cada vez mais custoso. Sem falar do tônus muscular, a pele de pêssego e os cabelos sedosos. Uma dimensão do que perdura a perda pura, como dizia Lacan, na patologia da vida cotidiana, da vida que dura. Falar com a criança, falar com a coisa, falar com isso,…