• Família, novas configurações familiares

Os estudos de história e antropologia da família têm mostrado, há algum tempo, que sua estrutura não pode ser definida como uma unidade natural baseada na finalidade da reprodução. A família humana é uma instituição com mudanças ao longo da história, é uma estrutura de relações simbólicas que nem sempre se sobrepõe nem coincidem com a da família biológica. E quando o faze, essas relações que regem o parentesco e a descendência modificam de forma tão radical a suposta unidade natural da família que podemos muito bem dizer que a estrutura simbólica desnaturalizou-a completamente.
(…) A aparição atual de novas formas de família, cada vez mais diversas, desde as definidas como “monoparentais” (nas quais um só pai ou mãe convive com os filhos) até as “homopaternais” (nas quais o casal é do mesmo sexo biológico) não fazem senão confirmar esse fato: a família é uma estrutura simbólica que, embora possa se apoiar nos vínculos biológicos, se distingue deles para impor suas próprias leis. “

  • Bassols, M., (2005). Família e Nome-do-Pai. In I. Gurgel (Trad.) Scilicet dos Nomes –dos-Pais (pp.54-55). Rio de Janeiro: EBP.

• Novas configurações familiares

He preferido indicar entonces este hecho de estrutura com el término de “poli-Edipos” para responder a la pregunta que nos convoca em esta mesa. Vemos hoy que no se trata de oponer um “anti”al mono-Edipo freudiano. La constelación de los “Poli-Edipos” parece, sin duda, más acorde com lo que las nuevas formas de família ponen hoy de relieve, las formas llamadas “monoparentales” y que agrupan una diversidade de configuraciones. Lejos de terminar com el Edipo, estas formas suelen multiplicarlo, Digamos más bien que cuanto más monoparentales son las famílias en su descripción, más poliedípicas se revelan en su estrutura, Y el hecho de que el sujeto tenga que situarse cada vez más en relación a diversas famílias de las llamadas monoparentales no hace más que mostrar la prevalencia de esta constelación.. Así um niño de siete años le decía al analista que tenía três casa: la casa dela padre y su pareja, la casa de la madre y su pareja y la casa de su padre y su madre. Esta última, la más enigmática, es la casa ya vacía pero que coexiste em la misma temporalidade com las otras dos. El sujeto puede localizarse entonces em um poliedipismo com la condición de mantener uma casilla vacía.(Bassols, 2004, p. 46)

  • Bassols, M., (2004). Poli-édipos. Freudiana. Revista Psicoanalitica de la Escuela Lacaniana de Psicoanalisis, n.41, 45-49.Buenos Aires Paidós.
  • Bassols, M. (2007) La familia del Otro. Mediodicho, , v.11, n.32, p. 49-57, Córdoba: Escuela de la Orientación Lacaniana.
  • Bassols, M. (2007) Familia. Revista Lacaniana de psicoanálisis, , v.4, n.5/6, p. 159-161,. Buenos Aires: EOL

• Violência familiar

O ato violento que qualificamos de ‘humano” não pode ser reduzido a um fato natural biológico. Na realidade é um produto da civilização, pressupões a existência do registro simbólico da linguagem e de um dos fatores mais genuínos, descoberto por Freud, designada “pulsão de morte”. Contrária ao preconceito humanista, essa noção contradiz a equação segundo a qual onde há mais civilização haveria menos violência. De fato, o ato violento se encontra já no princípio de qualquer cultura, tal como Freud abordou no mito edípico do a e do assassinato do pai como origem das leis simbólicas, da proibição do incesto e da exogamia. O ato v violento do ser humano surge sempre no seio de uma relação intersubjetiva, constituída pela linguagem, Se o limite da palavra no diálogo é o insulto, uma vez atravessado esse limite é a passagem ao ato violento que vem golpear o inefável que se fez presente no outro. Não haveria ato violento sem a existência num lugar e momento prévios, desta palavra-pacto simbólico, que se rompeu e se trataria de restituir, (Bassols, p.48, 2013)

Da perspectiva da posição masculina, a passagem ao ato violento sobre uma mulher costuma se revelar como uma forma de golpear no Outro aquilo que o sujeito não pode simbolizar, que não pode articular no discurso fálico sobre o Um em si mesmo. Aquilo que o sujeito golpeia no Outro é o que faz presente e intolerável, demasiadamente íntimo e alheio, ao mesmo tempo, desse gozo do Outro que o habita. (Bassols, p.49, 2013)

Da perspectiva da posição feminina, a posição de consentimento, até a submissão aceita que se encontra tantas vezes como limite de uma ação que se propõe como socialmente libertadora e terapêutica, mostra a grande dificuldade que existe para separar o sujeito de uma cumplicidade com este fantasma de gozo do Outro, com o qual tende a ser identificado baseando-se na referência masculina. (Bassols, p.49, 2013)

  • Bassols, M., (2013, abr.). Violência contra as mulheres: questões preliminares ao seu tratamento a partir da psicanálise. Correio-Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, (72), 47-51.
  • Bassols, M., (2011). La gravedad sin ley del Otro malvado. In Miller, J.A. (org.). Cuando el Otro es malo… p.. 25-32). Buenos Aires: Collección del Instituto Clínico de Buenos Aires.
  • Bassols, M., (2013). La infância bajo control. El niño, (13), p.8-11 Barcelona: Instituto del Campo Freudiano.
  • Bassols, M., (2013). Ciência, ficção e feminização. In Associação Mundial de Psicanálise (Ed.). A ordem simbólica no século XXI (pp.194-198). Rio de Janeiro: Subversos.