CITAS

 “Sabemos que o amor incipiente com frequência é percebido como o próprio ódio, e  que o amor, se se lhe nega satisfação, pode, com facilidade, ser parcialmente convertido  em ódio; os poetas nos dizem que nos mais tempestuosos estádios do amor os dois sentimentos opostos podem subsistir lado a lado, por algum tempo, ainda que em  rivalidade recíproca. Mas a coexistência crônica de amor e ódio, ambos dirigidos para a  mesma pessoa e ambos com o mesmo elevadíssimo grau de intensidade, não pode deixar de assombrar-nos.”

Sigmund Freud, Notas sobre um caso de neurose obsessiva. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Análise de uma fobia em um menino de cinco anos (1909). v. X. Rio de Janeiro. Imago.1996. P.206

“No entanto, com Lacan, deslizamos do segredo do recalque para o silêncio concernente ao real: mesmo que a pessoa violentada admita sua parcela de responsabilidade por se manter na situação potencialmente produtora de violência, ela, em muitos casos, não pode saber e menos ainda exprimir em palavras a pulsão de morte que a imobiliza impedindo que evite ou saia da parceria violenta”

Sérgio Laia e Heloisa Caldas, Violência e Agressividade. Diferenças a partir da linguagem e do inominável da feminilidade. Em: Correio – Revista da Escola Brasileira de Psicanálise. São Paulo. EBP, n. 83. 2020, P. 105

“Lacan faz um jogo de palavras e diz que todo semblante supõe um sang rouge, mesmo que o recalque. Ao se valer da homofonia entre semblante e sang blanc, Lacan afirma que a verdade do semblante é o sang rouge, ou seja, toda vez que o semblante não consegue mais se sustentar, o que aparece, ali é o sang rouge da violência. É o sang rouge, justamente, dessa violência fundante”

Antônio Teixeira, Do semblante ao sang rouge: a guerra como dissolução da ilusão comunitária. Segregação em tempos de guerra. ICP-Subversos. Rio de Janeiro. 2009. P.53

“(…) A contemplação do belo já viria misturada com a ideia de que o objeto vai desaparecer. É uma coisa que vai além da morte das pessoas. É o fim das coisas e, sobretudo, das coisas amadas, das coisas que trazem para o sujeito uma ocasião de gozo”

Romildo do Rego Barros, A guerra no limite do discurso. Segregação em tempos de guerra. ICP-Subversos. Rio de Janeiro. 2009. P.35

“Essa torção feita por Lacan, ao incluir na filia o gozo da mulher, faz surgir outro modo de laço que não desconhece a inadequação e mesmo o ódio que o gozo pode suscitar, mas que, no entanto, comporta uma abertura que, por ultrapassar o plano das identificações, torna possível, diferentemente de uma posição segregativa, amar no outro o insuportável de si mesmo”

Simone Souto, Amar no Outro, o insuportável em si mesmo. Correio – Revista da Escola Brasileira de Psicanálise. São Paulo. EBP, n. 83. 2020. P. 115

 “Terminaré con una indicación de lo que queda de esto en Lacan. En el marco de sus conferencias sobre el no saber, Bataille destacó la práctica del amok, al que define como una singular crisis de violencia, frecuente entre los malayos, que precipita a la muerte, porque condena a quien la posee al homicidio delirante. El amok es una crisis de violencia casi codificada: en determinado momento el sujeto es capturado por una pasión ardiente, por una exigencia de agarrar un puñal y salir a matar al primero que pasa. Y sabe que su gesto solo tiene una salida, que otro, amenazado, finalmente se defienda y lo mate. El amok es, a su entender, el suicidio más abierto, que se entrega al delirio ilimitado, al delirio infinitamente abierto de la muerte.”

Jacques-Alain Miller, El banquete de los analistas. Buenos Aires. Paidós, 1989. p. 347

“Assim, se a família na família tinha seu lugar restrito ao espaço privado das parcerias amorosas mais íntimas, foi devido à luta pelos direitos da mulher, da criança e do adolescente que ela passou da esfera doméstica para se tornar assunto público”

Sérgio Laia e Heloisa Caldas, Violência e Agressividade. Diferenças a partir da linguagem e do inominável da feminilidade. Em: Correio – Revista da Escola Brasileira de Psicanálise. São Paulo. EBP, n. 83. 2020, P. 104

 “O que interessa a Medeia é o amor”

Jacques-Alain Miller, Uma partilha sexual. Opção Lacaniana online nova série n.20. 2016.

 “O termo devastação, como simétrico em relação ao sintoma, não ocorreu a Lacan por meio de sabe-se lá qual inspiração. Ele veio na sequência de uma construção lógica que pode estar escamoteada aqui ou ali, mas da qual eu disse, ao menos na última vez ̶ o que me parece, por natureza, esclarecer o termo ̶ que é a outra face do amor. A devastação e o amor possuem o mesmo princípio, a saber, o grande A barrado, o não-todo, no sentido do sem limite.

Jacques-Alain Miller, Uma partilha sexual. Opção Lacaniana online nova série n. 20. 2016. P.17

 “No homem, em contrapartida, a dialética da demanda e do desejo engendra efeitos sobre os quais convém admirar mais uma vez a segurança com que Freud os situou, nas próprias articulações de que eles decorreram, dentro da categoria de uma degradação (Erniedrigung) específica da vida amorosa”.

Jacques Lacan, Escritos. Rio de Janeiro. Jorge Zahar.1998. P. 702

 “E o que Freud expressa de maneira apressada e provavelmente invertida refere-se, com efeito, a uma degradação que visa, quando se observa de perto, talvez menos a vida amorosa do que um certo cordão perdido, uma crise, que concerne ao objeto”.

Jacques Lacan, . O seminário. Livro 7. A ética da psicanálise (1959-1960). Rio de Janeiro. Jorge Zahar. 1991. P. 125

“Esse atravessamento da violência em nossas vidas se torna mais visível quando nos acercamos do que a experiência analítica nos dá a ler como manifestações da pulsão de morte nos sonhos, em muitas das demonstrações mais bem-intencionadas de amor familiar e de educação”.

Sérgio Laia e Heloisa Caldas, Violência e Agressividade. Diferenças a partir da linguagem e do inominável da feminilidade. Em: Correio – Revista da Escola Brasileira de Psicanálise. São Paulo. EBP, n. 83. 2020, P. 95

BIBLIOGRAFÍA

  • Freud, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva. Edição  Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Análise de uma fobia em um menino de cinco anos (1909). v. X. Rio de Janeiro. Imago.1996.

  • Lacan, J. Escritos.  Rio de Janeiro. Jorge Zahar.  1998.

  • Lacan, J. O seminário. Livro 7. A ética da psicanálise (1959-1960). Jorge Zahar. Rio de Janeiro. 1991.

  • Laia, S. e Caldas, H. Violência e Agressividade. Diferenças a partir da linguagem e do inominável da feminilidade. Em: Correio – Revista da Escola Brasileira de Psicanálise. São Paulo. EBP, n. 83. 2020.

  • Miller, J-A. El banquete de los analistas. Buenos Aires. Paidós, 1989.

  • Miller, J-A. Uma partilha sexual. Opção Lacaniana online nova série n.20. 2016.

  • Romildo do Rego Barros, A guerra no limite do discurso. Segregação em tempos de guerra. Rio de Janeiro. ICP-Subversos. 2009.

  • Souto, S. Amar no Outro, o insuportável em si mesmo. Correio – Revista da Escola Brasileira de Psicanálise. São Paulo. EBP, n. 83. 2020.

  • Teixeira, A. Do semblante ao sang rouge: a guerra como dissolução da ilusão comunitária. Segregação em tempos de guerra. Rio de Janeiro. ICP-Subversos.2009.