CITAS
“Ser pai não é uma norma, e sim um ato de consequências nefastas. A filiação contemporânea se refere, para além das normas, ao desejo particularizado de que a criança é o produto, seja qual for a complexidade e a impossibilidade de descrevê-la. O pai contemporâneo é um resíduo, um nome, mas permanece incomensurável em relação às normas… Nosso tempo também é o da decifração desses novos amores pelo pai, quer eles se desvelem por abordagens políticas ou sociológicas, quer os divulguemos por meio de nossa pesquisa clínica.
Servir-se do Nome-do-Pai para dele prescindir ainda esconde muitas surpresas. Poderíamos retomar como epígrafe de nossa pesquisa a fala de amor inventada por Marcial, o estranho poeta do século I, o «clássico inesperado”, Como o nomeia seu biógrafo. Uma de suas epigramas assim se enuncia: “nem contigo, nem sem ti” (Marcial, 86, Epigrama XII:46).”
“Esse Édipo invertido nunca está ausente da função do Édipo, isto é, não se pode eludir dele o componente do amor pelo pai. É ele que proporciona o término do complexo de Édipo, seu declínio, numa dialética, que se mantém muito ambígua, do amor e da identificação, da identificação como enraizada no amor. Identificação e amor não são a mesma coisa – podemos identificar-nos com alguém sem amá-lo, e vice-versa -, mas, ainda assim, os dois termos são estreitamente ligados e absolutamente indissociáveis.”
“Os estereótipos socioculturais da feminilidade e da virilidade estão em plena mutação. Os homens são convidados a acolher suas emoções, a amar, a se feminizarem; as mulheres conhecem ao contrário, um certo “empuxo-ao-homem: em nome da igualdade jurídica são conduzidas a repetir “eu também”. Ao mesmo tempo, os homossexuais reivindicam os direitos e os símbolos héteros, como casamento e filiação. Daí uma grande instabilidade dos papéis, uma fluidez generalizada do teatro do amor, que contrasta com a fixidez de antigamente. O amor se torna “líquido”, constata o sociólogo Zygmunt Bauman. Cada um é levado a inventar seu próprio “estilo de vida” e a assumir seu modo de gozar e amar. Os cenários tradicionais caem em lento desuso. A pressão social para neles se conformar não desapareceu, mas está em baixa”.
“Esta perversión, esta vuelta ao padre, en ningún lugar es más patente, más explícita, que en las homosexuales femeninas, quienes constantemente vienen con el testemonio de una intensa relación de amor con el padre, encontrada con el padre como objeto de amor, una insatisfacción de este amor seguido por un alejamiento del objeto de amor que se troca en identificación con él, de acuerdo con la deducción clásica de Freud y Lacan”.
“Se a Igreja prescreve aos parceiros sexuais a cópula com a finalidade reprodutiva, é porque ela sabe muito bem que não é por essa razão que as pessoas fazem amor. Se houvesse uma função como essa seria formidável, principalmente, para a Igreja”.
Hay, y Lacan la destaca, una solución cristiana al problema de probar la existencia del Otro. De la solución cristiana, que él considera precaria y que es la solución del amor -de amar al Otro para que exista-, él distingue la solución psicoanalítica. La solución psicoanalítica no es el amor -que solo prueba al Otro en su punto de extimidad-, sino el goce, hasta tal punto que esta solución puede parecer marcada por algún cinismo. En todo caso, se plantea el problema de rearticular después el amor y el goce.
El punto de partida, que anuncia la entrada dominante del dios del amor, es, como pueden ver, un divino detalle, esa mirada que es exactamente un apéndice del cuerpo que hasta Lacan no había sido diferenciado en esa función. Quiero agregar que, para ponerlo de relieve a propósito de Beatriz, pareciera que juntó dos pasajes diferentes del encuentro de Dante con ella. Volveremos sobre esto más en detalle si es posible. Tenemos aquí, entonces, el apéndice del cuerpo que es como un llamado para que entre en juego la divinidad del amor. Proponemos que este apéndice del cuerpo en conformidad con la serie freudiana de los objetos y con la ayuda de los estadios, que esa manera de decirlo en el marco del desarrollo del hombre es un apéndice que como tal es caduco.
Donde Freud habla del amor residual al padre, Lacan ve el no hay excepción. Cabe recordar que las feministas de los setenta reivindicaban la abolición ele la prohibición del incesto, sin eluda para que se manifestara mejor el carácter trivial del padre.
No hay ahí identificación, hay pertenencia, propiedad. No se divide según la modalidad del trozo del rasgo unario, por así decirlo, no apunta al punto de falta del otro sujeto. Sin embargo, tiene que ver con el amor, pero no el amor del padre sino el amor propio, en el sentido del amor del Un-cuerpo.
Se Freud busca fervorosamente o assassinato, é porque, tanto no que concerne ao pai, quanto no que concerne ao falo, é preciso uma simbolização nos termos de uma construção mítica que passe por uma anulação. No assassinato, essa anulação exige um agente que se encarna no Outro; por outro lado, na castração, tal anulação existe por si só. A tese proposta por Miller é a de que postular assassinato como o principal agente da anulação é, no fundo, uma denegação de que o gozo está castrado e que o remédio do pai é ineficaz para restaurá-lo da boa maneira. Quanto ao gozo, portanto, não há essa boa maneira, ou seja, só há diferentes maneiras de falhar. Nada de salvação messiânica por meio dessa anulação, cujo operador maior seria a lei do pai e, tampouco, uma solução pela via do amor, sobretudo quando ele se apresenta como mandamento, pois nesse instante ele se transforma numa exigência superegoica do amor puro.